- Outra vez a ler? Em que página estás? Tu se pudesses estavas todo dia a ler? -
A admiração do H. deixa-me a refletir nalguns pontos. Por um lado, ele só dar conta agora, em altura de férias, que a mãe lê, mostra o pouco tempo que tenho para o fazer no dia a dia, mesmo nos momentos de fim de semana.
O livro habitual na cabeceira da cama deve parecer-lhes um acessório de decoração. À hora em que lhe pego, nas noites em que o cansaço não me vence, já eles dormem a sono alto.
Um hábito que tinha com o mais velho e com eles tem sido difícil conciliar. O de nos sentarmos na sala, todos, cada um com o seu livro, num momento de lazer… fica a intenção de tentar recuperar esse bom hábito.
Depois, o ar francamente admirado com que me interpela, medindo a leitura pela quantidade de páginas, mais que pelo prazer, preocupa-me. Diz-me que tenho um não leitor. Alguém que, como muitos dos meus alunos, vêem na leitura uma obrigação necessária e imposta por um professor de Português, tirano ( onde eu tão bem me enquadro), onde eu vejo uma viagem a novos mundos e novas realidades…
Tenho tentado desafiar a que peguem nos seus livros e me façam companhia… só uma página dos seus livros… mas a piscina, o cloro, os tablets e os portáteis chamam mais alto.
Gostava de poder chantageá-lo: só jogas depois de leres uma página… mas q leitura t m que ser um prazer não uma imposição… por isso… vou continuar a testar a sua curiosidade. Lendo eu, lendo muito. Sempre que posso… na esperança que o desejo de perceber as minhas razões, o façam um destes dias juntar-se a mim, de livro em punho.
Comentários