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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2021

Leituras de Verão - Como Água para Chocolate

  Confesso que nunca tinha lido Laura Esquivel. O nome deste livro é cativante e já por várias vezes olhei para ele, mas ainda não o tinha lido. Primeiro, assumo, adoro este tipo de realismo mágico, tão característico da literatura mexicana. Gosto muito desta mistura de elementos mágicos num universo mundano. Depois, vou confessar que devorei o livro em poucas horas e a melhor palavra que encontro para o descrever é: delicioso . Achei muito interessante a forma como foi se desenvolveu a dicotomia entre a autoridade da Mamã Elena e da opressão militar do regime no México com a liberdade criativa de Tita na cozinha. Os capítulos começam com uma receita e os elementos mágicos vão surgindo, ligados à forma como a comida afeta as emoções de quem a come. – Adorei!  De um modo geral, a história é envolvente, a escrita da Laura Esquivel é fluída e simples. Gostei do modo despretensioso e quase “frio” como algumas mortes são narradas. Não sei se será algo cultural, fiquei com essa ideia.

Leituras de Verão - Uma Terra Prometida

  Para quem gosta de biografias, políticas estatais e um pouco de drama é um prato cheio. Eu, pessoalmente, gosto da ideologia de Barack Obama e gosto da sua postura. O livro lê-se bem, a escrita é fluida e a obra está bem traduzida. Não vou dizer que adorei porque há muita política interna americana, muitas tramas e redes que não domino (nem quero) e em certas alturas tornaram a leitura mais aborrecida. Sobretudo o início do livro é um pouco pesado, por focar muito na campanha eleitoral. Fora isso é um livro interessante onde conseguimos ter uma perspetiva dos primeiros anos de Barack Obama na cena política e perceber o background que ajudou a moldar a sua ideologia. O relato do tempo na presidência é muito bom, envolvente e traz muitas reflexões do autor sobre os acontecimentos mundiais daquela época e suas condutas. Obviamente que estamos a ler uma autobiografia e percebe-se claramente em alguns momentos a parcialidade e a visão pessoal do autor, mas, é normal dado o tipo de liv

prioridades do século XXI

- Mãe! O tablet está sem internet! - foi o bom dia deste sábado. Explico que tem havido falhas. Que devem estar a mexer na rua… - oh mãe mas já fui a sala e o aparelho nem está a piscar. - olho o meu Telm e constato que de fato o Wi-Fi está desconectado. - Kike,  deve ser qualquer coisa geral. Vai brincar com a mana. Entretanto levanto-me, abro os estores e vou à casa de banho. - Henrique, o problema não é a internet. Estamos sem luz!  - Oh mãe! Mas isso abrimos os estores! Eu quero é a net! Inspira… expira… explicamos às alminhas que sem luz não há net. - Bolas! Então vou ver Netflix… 🤦‍♂️🤦‍♂️🤦‍♂️ eu e o pai olhamos um para o outro: explicas tu, ou explico eu? 

Leituras de verão - Os Meus 35 Anos com Salazar

  Não tenho particular interesse em Salazar e acabo por ter inculcada a visão generalizada e propagandeada, do bicho papão que manteve Portugal num regime ditatorial durante quarenta anos. Em prol da verdade, tenho presente essa visão, com algum atenuar pela ideologia do meu avô, que apesar de ter nascido pobre e vivido em condições adversas durante toda a infância, tem uma visão ideológica em que defende o Homem, por ter evitado que Portugal fosse para a guerra, e por, no meio da repressão, ter tentado “impor os bons costumes”. Ora, eu nasci no fim dos anos setenta, em democracia. Não consigo conceber a ideia da imposição que ele defende, mas pelo amor desmesurado que lhe tenho, acredito que haja no discurso do meu avô qualquer base credível. Assim, nestas férias decidi levar comigo um dos seus livros. Chamou-me a atenção o nome e confesso que na minha ignorância achei que fosse ler qualquer coisa sumarenta sobre um caso amoroso do tipo. Ora bolas. Nada disso. O livro é sobre uma rapa

Leituras de Verão - O Clube do Crime das Quintas-Feiras

 Este foi o primeiro livro que li estas férias. A base da história é um grupo de idosos que vivem numa casa de repouso com todas as comodidades, com liberdade de movimentos e ações, uma espécie de comunidade de terceira idade. Apresenta-se como um clássico policial, com uma lista de suspeitos que vão sendo riscados e acrescentados à medida que a história avança.  Achei adorável o humor e sarcasmo das personagens, retratando os idosos que conheço na vida real e que dizem o que pensam e fazem o que querem com a displicência de quem já pouco teme. Não há personagens com grande profundidade psicológica nem enredos à Agatha Christie. É um livro leve, divertido, ideal para ler à beira da piscina. Elisabeth, seguindo o cliché da rapariga que magoada decide sair da grande cidade e ir para uma localidade periférica, serve de guia neste policial onde um grupo de anciãos que se entretém a tentar encontrar pistas esquecidas em casos arquivados, se vê de repente a braços com um assassínio real. O l

Leituras de Verão - Longa Pétala de Mar

  Isabel Allende é, para mim, maravilhosa em rudo o que escreve. Sou completamente fascinada pelo dom que tem de criar personagens cativantes, envolvendo-os numa contextualização histórica apaixonante e nada pesada.  No livro, Longa Pétala de Mar, Isabel conhecemos a família Dalmau. Vítor Dalmau, um estudante de medicina que se vê obrigado a lutar na Guerra Civil Espanhola e pelos conhecimentos que tinha é colocado de serviço nos hospitais e sai ileso da guerra. Por outro lado, Roser Bruguera, uma rapariga acolhida pelos pais de Víctor, acaba por engravidar de Guillem, o irmão de vítor, que morre em combate e não chega a saber que deixou a sua amada grávida de um filho seu. Depois de várias peripécias onde se explora a miséria e o papel dos refugiados Espanhóis em fuga do regime de Franco, Vítor e Roser casam, para serem legalmente família e poderem fugir para o Chile. Partem no navio Winnipeg, numa viagem organizada pelo poeta Pablo Neruda, cujo papel em todo este conflito nos é