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Quarentena #Dia5

Ontem, fui à rua pela primeira vez desde que ficámos em casa.
Aparentemente tudo normal. Alguns carros na estrada,nada por demais.
A diferença, senti-a quando entrei num minimercado e em cada dez pessoas, nove estavam de máscaras e luvas.
Embora tivesse um kit na bolsa, não era minha intenção usar.
Ouve-se nas notícias o aviso de que são ineficazes se não estiveres infetado e não queres ser totó.
Dei por mim a sobressaltar-me conforme tocava as prateleiras para pegar nos artigos.
Olhei de lado para a alça do cesto onde tinha as compras. Quase sub repticiamente, tirei as luvas cirugicas e coloquei-as. Precisei dirigir-me a um funcionário. Fi-lo com uma distância segura, como se o seu hálito fosse laser.
Dou comigo a olhar a máscara que lhe tapa a boca e apercebo-me que o deixa desconfortável eu ter os lábios e nariz descobertos. Passo a ser eu o elemento incomodativo.
Coloco a máscara, assim que me vejo a sós no corredor.
Continuo as compras, entre a sensação de segurança e o peso do ridículo: se alguma vez me imaginei, fora de carnavais e afins, andar naqueles tratos na rua.
Pago, entro no carro e o simples fechar das portas traz-me calma.
Constato que estar na rua me causou ansiedade. Tiro as luvas e máscara que ponho num saco para descartar.
Desinfeto mãos com o gel que tenho na mala. Volto a casa.
Como um predador metódico, esvaneço os vestigios da minha saída.
Os sapatos na varanda, o saco das compras no caixote, a roupa que levei, na máquina.
Torno a lavar as mãos.
Passo shampoo seco no cabelo e escovo-  Só porque, sei lá!
Não comento com ninguém em casa o que senti.  Sorrir e acenar.
Recupero a serenidade. Os pequenos brincam nos quartos, o M trabalha na sala, o adolescente fala  com os colegas por video chamada, como num dia normal.
Estou em casa. No meu bunker com janelas.
Não sinto a falta da vida na rua. Ainda não.
Não quando sei que, para já, dentro de portas, estou protegida com os meus.
Serei daqueles pássaros a quem podem abrir a gaiola e se mantém lá dentro? Parece que sim.
Percebo que sou fiel àquilo que sempre disse.
Desde que tenha os meus comigo, não preciso de mais nada.
Enquanto souber que cada um dos meus ramos está seguro, em sua casa, esta tudo bem...
Quero a minha normalidade, quando tudo estiver normal... Até lá...hibernei!

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